sábado, 19 de julho de 2008


COOPERCONFEC

DESAFIO E SUSTENTABILIDADE
Com o objetivo de inserir mulheres na sociedade e de combater a desigualdade social, a COOPERCONFEC – Cooperativa de Confecção da Comunidade de Plataforma, juntamente com o SENAI, capacita mulheres dos arredores do Parque São Bartolomeu, subúrbio ferroviário de Salvador, para o mercado de trabalho.
A cooperativa que começou há dez anos com 40 mulheres, na associação de mães no bairro do Cabrito, hoje com toda garra da única mulher que resta da primeira formação, Maria Lima, presidente da cooperativa, das dez cooperadas e com o apoio do PANGEA- Centro de Estudos Socioambientais permanecem na luta para ampliação do projeto. “O que não é muito fácil”, fala Núbia Ferreira, 27, encarregada de produção.
Segundo Núbia, o projeto ganhou estrutura através do prêmio que recebeu em dezembro de 2005, em primeiro lugar na Categoria Empreendedor Social, do Programa Bahia Inovação, realizado pela FAPESB – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia. A partir desse prêmio, as mulheres da cooperativa, ganharam um espaço maior para a realização das atividades, inaugurado pelo Governo do Estado, a Cooperação Italiana, AVSI e o Banco Mundial.
“Temos clientes como Pierre Verge que traz bolsas para serem costuradas por nós, da webdesigner Góia Lopes, da marca DIDARA, que traz suas peças para costurarmos e de outras empresas, mas ainda sim, precisamos de mais apoio”, explica Núbia. “Tem semana, por exemplo, que não temos produção, e no final do mês, temos pouco dinheiro para dividir entre as cooperadas, que são mães de família, e precisam pagar suas contas”, desabafa Sleide Arruda, 33, costureira.
A pesar do projeto passar por algumas dificuldades, contém ótima estrutura, e um quadro de normas de organização para o andamento das atividades como: horário de chegada e saída das cooperadas, freqüência e limpeza do local. Contendo também, salas para reuniões e treinamentos com TV e vídeo, secretaria com computador, equipamentos e pessoas capacitadas como psicóloga, operador de telemarketing, costureiras, entre outros.

INFORMAÇÕES
Para quem tiver interesse em ajudar o projeto basta, ligar para: 3218-3624 ou entrar em contato através do e-mail: aliceedna@terra.com.br.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Crise nas promessas políticas

São inúmeros os partidos políticos e seus representantes a concorrer para as eleições de 2008. Junto com as eleições surgem novas e velhas promessas de um bom projeto de lei, melhora na saúde e na educação e de cumprimento das obrigações do Estado perante a sociedade.
Segundo pesquisas realizadas pelo IBGE os eleitores estão insatisfeitos com os partidos. Na população são despejados diversos discursos persuasivos, gerando esperança para a resolução dos problemas sociais enfrentados.
Em época de eleição o cidadão é convocado para dar seu voto. Mas, qual proposta ou candidato votar ou confiar? Todos os anos partidos políticos formulam programas defendidos pelos seus consecutivos candidatos e a população é levada a acreditar, mesmo sem saber ao menos, o que significa.
Dado o voto e passada as eleições, o cidadão questiona “o que político fala e gato enterra é a mesma coisa, não faz nenhuma diferença”.
Isso significa que as promessas a cada eleição estão caindo na mesmice e o povo brasileiro está despertando para a realidade do país. O cidadão já não acredita mais nas promessas que são feitas em rede nacional. Agora, fazem de seus votos mercadorias, onde leva quem paga mais caro ou soluciona, em parte, o problema existente. Desse modo, a corrupção aumenta e o direito que seriam de todos, se restringe a uma pequena camada social. Nesse âmbito, onde ficam os direitos do cidadão?
O cidadão está se sentindo abandonado, sem saber ao menos com quem contar. Pois enquanto pessoas confiadas a representar o país lutam entre si, para adquirir mais poder, pessoas comuns sofrem com o descaso social e com a violência gerada por esses descasos.

sábado, 10 de maio de 2008

Cotas raciais: perspectiva de igualdade

As diferenças étnicas, a escolaridade e o nível econômico são fatores que contribuem para a exclusão social no Brasil, assim como o direito de muitos cidadãos conquistarem o espaço em uma universidade.
Tais fatores estão arraigados na sociedade desde o tempo da abolição da escravatura, onde os homens negros e pobres tornaram-se livres e as terras “escravas”. Isso porque, os grandes proprietários, tinham medo que os escravos pudessem se tornar proprietários rurais. A partir daí, começaram a surgir movimentos aos quais, pessoas menos favorecidas economicamente, exigissem condições de produzir alimentos, trabalho e escolaridade digna para seu povo.
Diante dessa situação racial, uma parte da população brasileira vem exigindo também, cotas raciais nas universidades, para a garantia de inclusão e igualdade no âmbito acadêmico e social. Considerando que a cota será um caminho viável à inclusão dos afro-descendentes e dos menos favorecidos economicamente, já que através dos próprios esforços, muitos não conseguem competir a uma vaga nas universidades com os grupos privilegiados.
O assunto sobre as cotas raciais tem sido bastante discutido por intelectuais das universidades e pelo Estado. Mas esse assunto também merece uma atenção maior pelas universidades, que acabam por excluir os menos favorecidos de seus campos, através do vestibular, exame ao qual determina quem estará preparado para ingressar na esfera acadêmica.
O vestibular é tido pelas universidades, como um critério justo para a definição de quem ingressa na mesma. Só que estão esquecendo, da situação em que se encontra o ensino público do Brasil. Onde de 2002 para 2007, foi constatada pelo Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), uma decadência espantosa na educação do país, causando o aumento da exclusão dos pobres e negros nas universidades.
Os projetos de lei de cotas a princípio, só atende as necessidades emergenciais para a solução do problema de exclusão e não da desigualdade social. As cotas raciais melhoram a situação dos afros descendentes, mas causam polêmica quando determina quem é e quem não é negro na sociedade.
Dessa forma, cabe ao Estado, a implantação de projetos consistentes que visem à implantação de cotas para os menos favorecidos economicamente e não raciais. Visando também, a melhoria do ensino nas escolas públicas do país e inserção dos menos favorecidos no mercado de trabalho, para a manutenção de suas crianças nas escolas, gerando assim, uma sociedade mais democrática e justa.

Polícia técnica: para que?

Todos os anos, milhares de casos de assassinatos, parecidos com o da menina Isabella acontecem no Brasil. Muitas vezes, os assassinos são julgados, ficando encarcerados três a quatro anos, e são soltos para recomeçar uma nova vida. Isso quando são realmente presos, pois, com a desculpa de ter um diploma de nível superior, homicidas de todos os níveis permanecem a ameaçar a nação.
Desde que me entendo por gente, e conheci a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprendi que as entidades humanitárias devem atuar na defesa de diferentes segmentos da população. No entanto, não é isso o que ocorre. Quando o assunto passa para o lado mais alto, ou o caso é solucionado rapidamente, por o assassino ser sem influência social, ou dificilmente o caso é solucionado, devido à pessoa acusada pelo crime, pertencer a uma classe social exclusivista. O povo brasileiro que o diga. Já se passaram trinta dias, com todas as provas em evidencia (?), e nada de prender os verdadeiros assassinos da menina Isabella.
Os dias estão passando, novas contradições são apresentadas, e os acusados (?) passeando de um lado para o outro pelas ruas de São Paulo. Isabella, assim como outras crianças vítimas de pessoas insanas, está morta, a vida para ela acabou, o mundo de sonhos foi enterrado junto com ela. E a justiça? Cadê a justiça? Vai ocultar, mais uma vez esse caso?
A população, assim como as mães dessas crianças chacinadas, está à espera de solução. A polêmica está no mais variado veículo de comunicação, mas sempre uma pessoa indaga: se fosse uma pessoa desfavorecida economicamente, não daria tanta repercussão. O assassino estaria aprisionado, pagando pelas conseqüências, ou estaria morto pela justiça das próprias mãos do povo. Pois, com os menos favorecidos é isso que ocorre. Quando acontece um crime nas periferias que o autor é descoberto, não tem advogado e nem perícia técnica que o tire da prisão. Mas, quando é um favorecido economicamente, aparecem de todos os lados várias contradições nas provas do assassinato.
Para que serve a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Onde andam essas tais entidades, que atuam na defesa de diferentes seguimentos da população? Deixa pra lá! Nem mesmo a metade da população brasileira reconhece seus direitos, e nem mesmo sabem que existem entidades responsáveis pela sua defesa.
Acorda meu povo. Será que não merecemos igualdade social para todos? Vejam só, até para solucionar um assassinato, o que vale não é a vida das pessoas, e sim, a situação econômica do acusado em questão. Pois, quantos e quantos assassinatos acontecem por dia, e não vemos e nem ouvimos falar em polícia técnica? Claro, se é para resolver a questão do mais valia, arranja-se todos os tipos de tecnologias possíveis e deixa o processo rolar. Afinal, como diz a comediante do programa Zorra Total da Rede Globo: Eles estão pagando! Então, para que polícia técnica e tantas tecnologias, se infelizmente o caso não vai dar em nada?

LEGALIZAÇÃO DO ABORTO É SOLUÇÃO?

O governo federal e uma parcela dos atuais parlamentares do Congresso Nacional querem legalizar o aborto, na tentativa de evitar os clandestinos, como também proteger a vida da mãe. Esse empenho do Estado pela legalização tem causado polêmica em todo país.
A maioria das religiões brasileiras é contra o aborto em qualquer circunstância, pois, elas concordam que é a partir da fecundação a iniciação da vida humana. Em qualquer estágio de desenvolvimento em que o feto se encontre, significa tirar vida inocente, por isso representantes de variadas religiões mantêm-se unidos na luta contra a legalização, na tentativa de cultivar respeito à vida.
Com a legalização dessa atrocidade, o país abrirá espaço para a realização de genocídio, ou seja, será uma forma de eliminar a classe economicamente menos favorecida (os pobres), gerando, assim, uma população ativa cada vez menor para sustentar os inativos, já que a estimativa de vida cresceu para 74 anos no Brasil, de acordo com o IBGE.
Segundo especialistas em saúde publica ouvidos por A NOTÍCIA (jornal fictício de uma disciplina na faculdade), não adiantaria nada a legalização do aborto, uma vez que na Índia ele é legalizado há 25 anos e por cada aborto legal faz-se dez clandestinos, devido à falta de informação as mulheres menos favorecidas economicamente.
Como descreve o artigo 5º da própria Constituição Brasileira, cabe nesta circunstância ao Estado e à sociedade criar as condições de garantir a inviolabilidade da vida do nascituro, respeitando o valor a mulher e a existência humana, afinal o aborto no Brasil ainda é crime, sendo legalmente consentido em apenas dois casos: de estupro e de risco de morte materna.
A solução para o aborto clandestino não está na legalização, e sim, na prevenção, na educação e na informação correta. Precisa-se de mais investimentos no programa de planejamento familiar, assim como atendimento médico e psicológico adequados pelo Estado a todas as mulheres vítimas de estupro ou que chegaram a uma gravidez indesejada. Pois, é na orientação à população que são minimizadas as catástrofes existentes numa sociedade faminta de respeito e de liberdade ao direito a vida.

Economia brasileira: uma incógnita permanente

Inflação, juros, PIB, SELIC são termos que fazem parte do nosso dia a dia, mas desconhecidos por milhões de brasileiros participantes efetivos da economia do país. Desde o surgimento desses assuntos econômicos, a população brasileira padece da insuficiência de informações que venham elucidá-la.
Alguns autores de livros que falam sobre o jornalismo econômico, chegam até a relatar, que há uma falta de interesse dos jornalistas em apurar detalhadamente os assuntos ligados à economia. Mas sentimos que na maioria das vezes, o que carece não é só interesse, é participação ativa de todos, até mesmo do próprio presidente.
Após ter sido questionado em Haia sobre o transtorno que o aumento da inflação poderia causar sobre os juros, o presidente Lula falou para vários veículos de comunicação, que não iria “dar nenhum palpite” sobre o acontecimento, dizendo ainda, que isso não é responsabilidade dele. Se não é responsabilidade dele, elucidar a sociedade sobre a economia do país, de quem será então?
Os repórteres brasileiros pediram para Lula em rede nacional, algumas explicações. Ele apenas respondeu que não teria nada a esclarecer. Só falou no economês, termos desconhecidos pela maioria dos indivíduos, que não seria a redução de 0,25% e outros “centos” mais, que iriam transtornar a economia da nação.
Mais uma vez, diante de toda rede nacional, ficamos a mercê de esclarecimentos inadequados sobre “nossa” economia. Como se já não bastasse, ao questionarmos sobre a alta dos juros, dúvida de muitos participantes ativos da economia do Brasil, fomos chamados de loucos pelo próprio presidente, indivíduo que elegemos e confiamos à “casa da gente”.
Chega de repetir a mesma história. Já que não está sendo possível mudar a situação econômica do país, então como cidadão, quero ter o direito a informação adequada sobre as taxas de juros, para quando pegar um empréstimo no banco, saber ao menos quanto irei pagar dessa tal taxa revoltante, a chamada spread bancário, que significa sei lá o que e vale sei lá quanto.

sábado, 26 de abril de 2008

Carnaval: espetáculo de exclusão



O carnaval no Brasil é considerado uma das festas populares mais bonitas do mundo. Todos dançam, cantam, representam e deixam a alegria tomar conta do corpo. Alegria essa, explorada muitas vezes pelos capitalistas presentes em nossa sociedade.
Na chamada época de ouro, no fim do século XIX até a década de 50, a participação da população nas ruas e nos bailes era mais ativa, hoje o carnaval transformou-se numa espécie de gerador de capital, onde as pessoas pagam para ver o que antes era exibido e compartilhado com glamour nas ruas de todo o território brasileiro. Como declarou Câmara Cascudo, “o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver”.
No carnaval de Salvador, festejo apreciado por pessoas do mundo inteiro, por ser uma festa mais compartilhada pelo povo, está perdendo também sua essência. Pois, a folia que antes era dançada, pulada e alegre, aos poucos está se tornando palco dos mais aquinhoados economicamente. Onde nas ruas, são erguidos camarotes nas partes laterais da cidade que na grande parte ficam os mais favorecidos assistindo, e no meio, nas pistas, ou seja, abaixo deles, os menos favorecidos, servindo de atração, pintando o nariz e brincando de ser feliz.
Esses grandes camarotes erguidos no carnaval de Salvador, fazem parte de uma indústria carnavalesca, geradora de consumo e de exclusão de uma parte da sociedade da festa mais bonita, rica de costumes e de encantamento.
Há! Imagina só que loucura era essa fissura, alegria, alegria, era o Estado que chamamos Bahia. Será que um dia vamos rever o carnaval de todos os cantos, encantos e axés? Não sabemos! A única coisa que temos certeza é de que a cada carnaval, pessoas menos favorecidas economicamente, estão sendo excluídas dessa festa que a princípio seria de todos, e que geralmente está sendo dos grandes detentores do poder. Sendo que os pobres ficam de peça só servindo aos poderosos. Enquanto esses poderosos se divertem, os pobres, ou seja, os “trabalhadores do carnaval” labutam para a solução da exclusão, esses que mesmo trabalhando em quanto outros se alegram, são felizes e se divertem também sem dinheiro, e que de certa forma, suscita mais capital para o bolso dos representantes exclusivistas.

Loucura feminina gera lucro

Padrão de beleza feminino leva mulheres brasileiras à loucura como também tem gerado muito lucro para academias e profissionais da medicina estética. Quem será que impõe esses padrões de beleza? É a pergunta que muitas pessoas fazem ao ver o desatino de várias mulheres malhando, suando, correndo contra o tempo e para as clínicas que propõe realizar o sonho de tornar todas perfeitas.
A divulgação dos padrões de beleza ocorre pelos veículos de comunicação no intuito de gerar lucro para os grandes empresários e para a indústria da beleza. Essa propagação tem provocado uma fúria desenfreada feminina, pois, além de determinar as mulheres como elas devem ser, ainda poderá levá-las a morte. Isso porque muitas vezes, não são medidas as conseqüências para adquirir um corpo perfeito como dita a mídia juntamente com o nosso sistema capitalista.
Para adquirir o estereótipo perfeito que impõe as revistas, os jornais, as propagandas e principalmente as novelas, o público feminino teria que investir muito, investimento esse que realiza a felicidade de muitos empresários, atingindo o ápice da loucura de muitas mulheres e evidenciando a grave discriminação da mulher como ser humano. Mas será que alguém se importa com isso, nessa sociedade onde o que importa é o lucro e a felicidade do próprio eu?
É mulheres, realizar o sonho de um corpo perfeito dá gasto e prejuízo a saúde para muitas, além de alimentar nosso sistema capitalista injusto que as explora como produtos de consumo. Porém, mesmo sabendo disso, muitas de nós continuam a se massacrar e enlouquecer por um corpo perfeito como os das atrizes dos programas de televisão. Quer dizer, dos programas das belíssimas e não das fofíssimas.

"Comentário sobre o documentário Janela da Alma"


No início tudo era escuridão. Depois tudo foi ficando claro, nítido e visível. Visibilidade esta, que só se percebe verdadeiramente com os olhos da mente, ou seja, com os olhos da alma. Estas palavras expressam o que entendi sobre o documentário “Janela da Alma”, sob a direção de João Jardim e Walter Carvalho. Palavras que mesmo que “truncadas” como disse o poeta Manoel de Barros, são formas de expressar o que está na imagem do meu eu.

O documentário Janela da Alma contém depoimentos de deficientes visuais que servem como forma de estímulo para muitas pessoas, que por causa de uma deficiência mínima, e por dificuldades na vida, desistem de algo que tanto almeja. Depoimentos aos quais, demonstram que através da “luta podemos superar as dificuldades e vencermos os limites”, como relata o vereador Arnaldo Godoy. Godoy ficou completamente cego aos 17 anos, e sua história de vida, se tornou tão bela que o fato de não enxergar as coisas como os “não deficientes”, não perdeu seu otimismo e o amor pela vida.
Assim como Godoy, Marjut Rimminem uma cineasta finlandesa, contou sua história. Através de sua profissão, Marjut pôde realizar seus sonhos. Transformou-se em várias personagens que sempre quis ser, pois, nas peças infantis na escola, onde ela só poderia ser uma pedra, no final, só durante apenas três minutos se transformava em um rei. Hoje, através de seus filmes ela pode demonstrar para o mundo, o quanto pessoas como ela são tão capazes de enxergar e realizar algo, quanto os que se dizem “completamente aptos”.
Somos seres que nos adaptamos a tudo. “Queremos fazer tudo, queremos ter tudo e ver tudo em excesso”, palavras de um dos participantes do documentário. Só esquecemos que não temos todo o tempo do mundo para tudo isso. Acabamos deturpando as imagens mais lindas que poderíamos projetar com a nossa própria janela da alma. Imagens estas, que poderíamos nos emocionar mais e, aguçar nosso senso crítico para “aquelas imagens” que nos fazem tornar meros consumidores e espectadores mórbidos, que não enxerga o que está diante do próprio nariz.
Essa mania que nós seres humanos temos de crermos somente no que vemos, tira-nos a capacidade de projetarmos as imagens mais importantes, que é as imagens das nossas lembranças, que é a “transfiguração do que agente ver”, pronunciou Manoel de Barros. Essas palavras de Manoel poeta e sábio traz uma reflexão muito importante sobre como modificamos as imagens vistas, fazendo nos lembrar que no simples, podemos ver a beleza “verdadeira”, e no sofisticado vemos apenas o que os outros querem que a gente veja.
Como disse o próprio poeta Manoel: “Se o olho é a janela da alma, você tem que olhar para essa janela com outros olhos”. Esses olhos farão de mim, de você e de qualquer simples mortal um ser mais fidedigno e responsável pelos próprios atos. Afinal, nós temos a capacidade de ver o visível e o invisível, basta olharmos para dentro de nós mesmos, pois, temos toda a bagagem e experiências acumuladas que estão arquivadas na nossa mente, ou seja, na janela da alma.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Invisibilidade social

Su Mendonça

A invisibilidade social é um conceito empregado aos indivíduos discriminados pela própria sociedade em que está inserido. Ser invisível, é não ter importância para seu grupo social, é sofrer a indiferença, o preconceito, “é não ser ninguém perante o olhar da maioria” (livro “Homens invisíveis” do psicólogo Fernando Braga da Costa). A invisibilidade é concretizada a partir do momento em que uma parte da sociedade impõe regras as quais a maioria dos indivíduos são obrigados a seguir, não seguindo estas, o indivíduo é esquecido socialmente tornando-se inexistente para o restante do grupo.

São diversos os fatores, que podem contribuir para que a invisibilidade social continue arraigada em nossa sociedade: sociais, culturais, econômicos, políticos e estéticos. A invisibilidade pode levar um indivíduo a processos depressivos, causando a sensação de abandono e aceitação na condição de ninguém, mas também pode levar a mobilização e a organização da minoria discriminada. Essa minoria social é prejudicada a maioria das vezes, pelo sistema capitalista, onde é mantido pela lei do mais valia, ou seja, as minorias sociais são visíveis somente para o mercado consumidor, essa é uma das formas de visibilidade aos indivíduos excluídos economicamente.

A falta de comunicação entre as pessoas também é um fator que causa a invisibilidade e que talvez seja um dos mais preocupantes. A realização de diálogo entre pessoas faz-nos sentirmos mais importantes e de certa forma valorizados. O olhar de uma pessoa sobre outra pode causar impactos meramente inusitados e um olhar de desprezo pode causar revolta e futuramente outras tragédias. Um indivíduo que é reconhecido socialmente tende a progredir e estabelecer padrões aos quais o sistema emana, criando assim sua identidade.

No entanto, existem milhares de crianças e adolescente em Salvador e em todo o mundo que infelizmente são tratadas como se não existissem, desprezadas por uma parte da sociedade cujo interesse só é captar lucro e ressarcir interesses próprios, deixando de lado toda uma geração cheia de sonhos e necessidades a serem saciadas.

Estas crianças e adolescentes por não terem suas necessidades saciadas e terem um padrão de vida desumano, são esquecidas pela sociedade, sendo discriminadas, humilhadas e até mesmo sendo vítimas do preconceito estético e dos maus tratos da polícia e da própria sociedade (Falcão-Meninos do tráfico), ou seja, por serem mal vestidas e por fazerem parte de um grupo economicamente excluído, os detentores do poder violam a Declaração Universal dos Direitos Humanos onde diz que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Quando os direitos humanos passam a ser violados, a situação torna os indivíduos propícios a atos barbáries, causando revoltas e a organização de grupos considerados nocivos (pessoas que se juntam para conseguir aparecer perante a sociedade, como: MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra), a Central Única de Favelas (CUFA), fóruns nacionais, estaduais e municipais de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Esses grupos também podem ser encontrados no crime organizado, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho) para os detentores do poder (Texto Invisibilidade Social: outra forma de preconceito- Mateus Constantino-SP) .
O que fazer para tentar combater essas mazelas que a invisibilidade e a luta pela sobrevivência impõem para esse grupo desfavorecido?

Para que esse problema fosse solucionado, aos poucos teríamos que começar a conscientizar toda sociedade sobre o problema que assola no nosso país e no mundo. Problema este, que aumenta a violência, a miséria e a pobreza de uma nação. Poderíamos começar essa luta, tentando modificar os discursos gerados pela classe hegemônica inserida nos veículos de comunicação cujo interesse é imobilizar a grande massa, determinando padrões de comportamentos (Loraci Hofman) dos indivíduos.

Para mobilizarmos essa grande massa, seria necessário mudarmos esses discursos construídos para alienar a sociedade sobre as diversas mazelas existentes no estado, no país e no mundo. Na tentativa de construir uma nova realidade, essa mobilização social seria elemento indispensável para uma chamada “revolução cultural” (Prof. Jorge Lisboa), ou seja, modificação do modo de pensar, agir e perceber as coisas do povo massacrado pelo “discurso autoritário” (Orlandi-1996, citado por Hofmann) impregnado na nossa tradição.

Após essa revolução cultural, aí sim, pensaríamos numa outra possibilidade de apaziguar este preconceito que fere, diminui e discrimina a maioria da nossa população mundial, estigmatizada como invisível, no sentido de significar que a maioria por pertencer a um patamar inferior como coloca a mídia, as minorias sociais não merecem respeito e oportunidade perante a sociedade, só merecendo esse respeito e oportunidades os favorecidos economicamente, ou seja, quem detém o poder que cuida de encaminhar as coisas na direção que atenda basicamente aos seus interesses, e não ao interesse de todos, apesar da aparência contrária (O que é Cidadania – Maria Covre).

Em suma, só se tornará possível essa revolução cultural a partir do momento em que existir a prática da reivindicação, do respeito aos direitos humanos e da cooperação das forças econômicas e políticas para se efetivar, onde as necessidades humanas básicas serão saciadas permitindo a todos uma vida digna e justa.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A cor que não atrai

Su Mendonça

Em Salvador, cidade afro-descendente, bonecas negras não tem espaço.

Salvador é a capital brasileira que tem a maior população de afro-descendentes, entretanto, comprar uma boneca negra nas lojas de brinquedos, é uma tarefa que requer muita persistência. Além disso, o consumidor se depara com pouca variedade, e uma das principais reclamações, diz respeito ao estereótipo das bonecas. Para Lidiane Santos, 22, manicure, as bonecas negras vendidas, são feias.
Movimentos negros na região Nordeste tentam de várias maneiras aumentar a quantidade de bonecas negras nas lojas da capital, mas os lojistas continuam resistentes pela pouca procura e falta de interesse pelo produto.
De acordo com os gerentes de algumas lojas de brinquedo de Salvador, esse tipo de comércio não está satisfatório, pois, a maioria das crianças já chega procurando as bonecas de cor branca que fazem o estilo estadunidense, gerando, assim, prejuízo nas lojas que disponibilizam as bonecas negras. Segundo o gerente das lojas Americanas do Center Lapa, José Rocha, “as crianças já chegam às lojas procurando as bonecas brancas que estão no auge”.
Alguns pais entrevistados acham um absurdo a falta de divulgação das bonecas negras na mídia, e dos comerciantes em colocar mais bonecas desse tipo no mercado. Roseli Firmino, 41, enfermeira, disse que sua filha adora e muitas vezes não compra por não existir propagandas de lojas que tenham esse tipo de produto. “Essa deve ser uma forma de ratificar o racismo”, diz Roseli. “Minha filha nunca me pediu pra comprar uma boneca negra para ela, também nunca incentivei, pois, toda vez que chegava ao mercado, eu encontrava mais bonecas negras feias, tipo a nega maluca,” fala Ana Borges, 39, enfermeira.
Segundo a psicóloga Martha Leal, a maneira como as crianças chegam às lojas, escolhendo as bonecas brancas, é devido ao incentivo tanto da mídia, quanto da criação dos pais. “Os pais devem instruir as crianças com uma visão mais humanitária, ensinando-as a valorizar as pessoas pelo o que ela é independente da raça. Porém existe a questão do comércio, que não investe neste tipo de produto por não existir uma grande demanda, pois, a maioria do público interessado não tem condições financeiras para comprar as bonecas, que são muito caras”, afirma Leal.

Rádio Educadora FM