sábado, 26 de abril de 2008

"Comentário sobre o documentário Janela da Alma"


No início tudo era escuridão. Depois tudo foi ficando claro, nítido e visível. Visibilidade esta, que só se percebe verdadeiramente com os olhos da mente, ou seja, com os olhos da alma. Estas palavras expressam o que entendi sobre o documentário “Janela da Alma”, sob a direção de João Jardim e Walter Carvalho. Palavras que mesmo que “truncadas” como disse o poeta Manoel de Barros, são formas de expressar o que está na imagem do meu eu.

O documentário Janela da Alma contém depoimentos de deficientes visuais que servem como forma de estímulo para muitas pessoas, que por causa de uma deficiência mínima, e por dificuldades na vida, desistem de algo que tanto almeja. Depoimentos aos quais, demonstram que através da “luta podemos superar as dificuldades e vencermos os limites”, como relata o vereador Arnaldo Godoy. Godoy ficou completamente cego aos 17 anos, e sua história de vida, se tornou tão bela que o fato de não enxergar as coisas como os “não deficientes”, não perdeu seu otimismo e o amor pela vida.
Assim como Godoy, Marjut Rimminem uma cineasta finlandesa, contou sua história. Através de sua profissão, Marjut pôde realizar seus sonhos. Transformou-se em várias personagens que sempre quis ser, pois, nas peças infantis na escola, onde ela só poderia ser uma pedra, no final, só durante apenas três minutos se transformava em um rei. Hoje, através de seus filmes ela pode demonstrar para o mundo, o quanto pessoas como ela são tão capazes de enxergar e realizar algo, quanto os que se dizem “completamente aptos”.
Somos seres que nos adaptamos a tudo. “Queremos fazer tudo, queremos ter tudo e ver tudo em excesso”, palavras de um dos participantes do documentário. Só esquecemos que não temos todo o tempo do mundo para tudo isso. Acabamos deturpando as imagens mais lindas que poderíamos projetar com a nossa própria janela da alma. Imagens estas, que poderíamos nos emocionar mais e, aguçar nosso senso crítico para “aquelas imagens” que nos fazem tornar meros consumidores e espectadores mórbidos, que não enxerga o que está diante do próprio nariz.
Essa mania que nós seres humanos temos de crermos somente no que vemos, tira-nos a capacidade de projetarmos as imagens mais importantes, que é as imagens das nossas lembranças, que é a “transfiguração do que agente ver”, pronunciou Manoel de Barros. Essas palavras de Manoel poeta e sábio traz uma reflexão muito importante sobre como modificamos as imagens vistas, fazendo nos lembrar que no simples, podemos ver a beleza “verdadeira”, e no sofisticado vemos apenas o que os outros querem que a gente veja.
Como disse o próprio poeta Manoel: “Se o olho é a janela da alma, você tem que olhar para essa janela com outros olhos”. Esses olhos farão de mim, de você e de qualquer simples mortal um ser mais fidedigno e responsável pelos próprios atos. Afinal, nós temos a capacidade de ver o visível e o invisível, basta olharmos para dentro de nós mesmos, pois, temos toda a bagagem e experiências acumuladas que estão arquivadas na nossa mente, ou seja, na janela da alma.

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