domingo, 11 de setembro de 2011

Análise do livro: Travessias - a adolescência em Novos Alagados

Por: Su Mendonça

Viver numa sociedade cuja desigualdade social impera, não é fácil. Ainda mais, quando se é pobre e morador de uma favela onde a violência reina e, se está passando por uma das fases mais confusas da vida – a adolescência.

No livro Travessias: a adolescência em Novos Alagados de José Eduardo Ferreira Santos, está exposta a história da vida de quatro adolescentes que sobreviveram ou não, em um contexto difícil, violento e cruel, num dos bairros mais carentes e populosos do Subúrbio Ferroviário de Salvador – Novos Alagados.

O autor em seu livro relata da maneira mais clara possível, não só a trajetória dos quatro adolescentes escolhidos, mas através desses, mostrou como milhares de adolescentes pobres do mundo inteiro, estão inseridos em uma situação de risco social, o que acaba encurtando o período de sobrevivência.

A maioria desses jovens, cujo são falados no livro, tem idade entre 15 à 18 anos, não tem família estruturada, moradias adequadas, nem comida e nem emprego para se manter. A escolaridade de seus pais é baixa e conseqüentemente a deles também, o que dificulta todo o processo de inclusão social.

José Eduardo além de mostrar como vivem esses adolescentes, procura definir a termo adolescência, relatando entre cada história a situação do bairro Novos Alagados antes da urbanização, como eram as moradias, fala sobre os projetos sociais e como eles ajudaram os adolescentes a se desenvolver profissionalmente e quanto ser social. Mas não é só isso, entre uma história e outra, também aparecem relatos de infâncias dura, tristes e que em meio às dificuldades, a esperança de uma vida digna e feliz.

O livro Travessias poderá proporcionar ao leitor uma viagem interessante e ao mesmo tempo desoladora pelo cotidiano dos habitantes e principalmente dos jovens moradores de Novos Alagados, que muitas vezes, não conseguem realizar um simples sonho – o de ter uma moradia digna e um trabalho, para ajudar no sustento da família, deixando de lado as fantasias e desejos próprios da idade, além de esquecer ou até mesmo, não sentir vontade de participar de uma das fases mais importantes na vida de uma pessoa, a iniciação dos estudos, para quem sabe um dia, ter a sorte de chegar a maior idade, já que a violência acaba vitimando-os.

Este livro, no entanto, poderá ser bastante útil às pessoas que estudam, pesquisam ou trabalham com adolescentes em situação de risco, como também, aos graduandos de várias áreas, principalmente, de jornalismo, não só pelo conteúdo exposto pelo autor, mas pela construção do livro, estrutura utilizada, metodologia, o resgate a história da localidade, como também, para quando começarem a escrever matérias ou textos sobre jovens em situação de risco, agir com mais cautela, sempre respeitando o próximo.


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